Assistência Domiciliar Terapêutica humaniza serviços de saúde

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A humanização do serviço e a melhoria da qualidade de
vida para pacientes e familiares são as principais propostas do Programa de
Assistência Domiciliar Terapêutica (PADT/SAD), que realizou cerca de 22 mil
atendimentos, em 2013, entre as mais diversas especialidades. São cerca de 40
profissionais entre médico (clínica geral), fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social, enfermeiro,
técnico de enfermagem e outros.
A assistência domiciliar proporciona uma redução dos
gastos com hospitalização, reinternações desnecessárias,
reabilitação/tratamento.
O programa, que funciona há 14 anos, foi implantado pela
secretaria Municipal de Saúde. A ideia é atender pacientes que necessitam da
ajuda de terceiros, permanentemente ou por um período momentâneo. Entre os
critérios para inserção é a presença de, pelo menos, um cuidador e, que não
resida em área com cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF).
A inclusão no programa pode ser espontânea, por meio do
contato de familiares com a gerência. Outra forma é o encaminhamento
institucional da rede pública ou privada.
Após esse contato, a equipe realiza a primeira visita, quando será avaliado o quadro encontrado e quais serão as especialidades necessárias para o tratamento em domicílio.
Após esse contato, a equipe realiza a primeira visita, quando será avaliado o quadro encontrado e quais serão as especialidades necessárias para o tratamento em domicílio.
O secretário de Saúde, Flávio Antunes, acrescenta que a perspectiva é de ampliação da equipe e da área de abrangência, incluindo a região serrana no serviço de atenção domiciliar. “A logística já está sendo adequada para atendimento em parceria com as equipes de ESF nos casos de pacientes mais complexos. Além disso, temos uma parceria com o Ministério da Saúde, por meio do programa Melhor em Casa, o que possibilitou um suporte financeiro do governo federal”, disse o secretário.
A gerente do PADT, Benizia Pessanha, ressalta que o diferencial do programa é o vínculo da família com a equipe, pois o trabalho realizado pelos profissionais tem uma continuidade, proporcionando assim uma interação entre equipe e família por período indeterminado. “Se não houver esta empatia, o tratamento não terá resultado”, frisou.
De volta à vida com qualidade
Há seis anos o senhor Odir Corrêa, aos 54 anos sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). A esposa, Irani Fernandes Corrêa conta que o ocorrido pegou toda família de surpresa.
Ele passou mal no trabalho e foi levado para o Hospital Público Municipal (HPM) em estado grave, onde ficou internado por quase dois meses. Quando voltou para casa não falava, se alimentava por sonda e usava fraldas. Dois dias após a alta do hospital, a equipe do Programa de Assistência Domiciliar Terapêutica (PADT) iniciou o atendimento. O paciente recebe a assistência do médico clínico, fonoaudióloga, fisioterapeuta, enfermagem e nutricionista.
A evolução de Odir é festejada pela família e profissionais. Hoje, se alimenta bem dentro das recomendações, e com as próprias mãos. Irani exibe orgulhosa a fotografia do esposo com os filhos e netos, na comemoração dos seus 60 anos, onde ele está de pé. “Ele é muito otimista, está sempre sorrindo e já disse que vai voltar a andar novamente”.
Ela ressalta que se o município não oferecesse o serviço domiciliar não saberia o que fazer, pois não teria recursos para manter o tratamento. Odir passa por sessões de fisioterapia e fonoaudiologia de uma a três vezes por semana.
E o médico a cada 45 dias.
A nutricionista Elizabeth Teixeira explica que os resultados obtidos na recuperação de Odir estão relacionados ao trabalho de equipe. “É muito gratificante vê-lo comer sozinho e sem engasgar, pois além da gastrostomia (é um procedimento cirúrgico para a fixação de uma sonda alimentar), também foi realizada uma traqueostomia, procedimento cirúrgico no pescoço para facilitar a chegada de ar aos pulmões”, disse.
A fonoaudióloga, Alessandra Matoso que também acompanha o
paciente, ressalta que o paciente não conseguia falar nada e, hoje, consegue
verbalizar e interagir com a família e amigos. Ela explica que o trabalho da
fonoaudiologia é promover o desenvolvimento da linguagem, a mastigação e a
deglutição.
Já com o trabalho da fisioterapia, Odir já consegue ficar
de pé, movimenta os braços e mãos. Atualmente o quadro dele é estável. O
objetivo é evitar contraturas, perda de massa muscular e a trombose venosa
profunda (complicações circulatórias).
As profissionais destacaram o trabalho e a dedicação da
esposa e o apoio dos filhos na evolução do estado de saúde do paciente. Para quem necessitar dos serviços, os contatos são: (22)
27961904.
Cuidando
de quem cuida: um olhar sobre o cuidador
Além dos pacientes, o PADT/SAD também está preocupado com
o cuidador. Em novembro de 2013, foi realizado o primeiro encontro com um grupo
de cuidadores, direcionado para os familiares de pacientes que residem nos
bairros Centro, Imbetiba, Visconde, Miramar e Novo Visconde.
Benizia afirma que o objetivo é ouvir as pessoas que
estão em constante contato com os pacientes e proporcionar apoio nas suas
dificuldades. Esta ação representa um dos pontos principais dos serviços de
atenção domiciliar. “Cuidar é uma tarefa difícil, em muitos momentos, o
cuidador fica fragilizado e este espaço é de troca de experiência”.
O encontro aconteceu no CRAS do Parque Aeroporto, numa
parceria do PADT, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS),
Subsecretaria de Acessibilidade e Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência
e Programa de Práticas Integrativas.
Os participantes do encontro puderam expor os seus
sentimentos e dificuldades do dia a dia. Os depoimentos sempre se iniciavam com
a voz embargada e muitos chegaram às lágrimas. Eram avós, mães, esposas e filhas
que se dedicam integralmente nos cuidados dos seus familiares.
A dona de casa, Leda Terra Braz, que há cinco anos cuida
da mãe acamada, aprovou o encontro. “O PADT é muito importante na minha vida,
quando mamãe veio do Rio de Janeiro para ficar na minha casa, não sabia como
lidar com algumas situações, mas a equipe do programa era incansável e sempre
contei com o apoio e o profissionalismo de todos. Agora mais uma vez eles estão
dispostos a fazer algo, cuidando de quem cuida”.
Foto:
João Barreto