Secretaria de Meio Ambiente e Pesca vistoria Mangue de Pedra


Representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Pesca de Búzios e da sociedade civil organizada, junto com a Doutora em Geologia pela UFRJ, Kátia Mansur, realizaram, na última semana, uma vistoria no Mangue de Pedra com o objetivo de iniciar o estudo e a delimitação da área, além da produção de ações para a preservação do local.

Tanto a iniciativa de preservação, legitimando o mangue como Unidade de Conservação, quanto a recuperação de todo o local estão entre as prioridades do Prefeito Dr. André Granado. A área consiste em um ecossistema muito frágil e raro, com enorme potencial para realização de pesquisas aplicadas, inclusive internacionalmente.

De acordo com o Secretário de Meio Ambiente e Pesca, Fábio Dantas, os estudiosos preparam um dossiê sobre o Mangue de Pedra, identificando, de forma detalhada, todas as características do local, a fim de que possam ser estudados projetos para a área em questão:

"O Mangue de Pedra tem implicações hidrogeológicas, ambientais e uma importância histórica singular por se tratar de área de quilombola. Estamos falando de um ecossistema raríssimo que serve de base para estudos sérios em diversas áreas. A partir de agora, vamos definir, junto com a Procuradoria, medidas cabíveis para tornar todo aquele local área de proteção ambiental e demarcar a área de interesse geológico", disse ele.

Um dos únicos três mangues do mundo – De acordo com o Art. 268 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro de 1989, os manguezais e as praias são áreas de preservação permanente. Localizado na Praia da Gorda, bairro da Rasa, o Mangue de Pedra é um dos últimos manguezais que ainda restam em Búzios e apenas um dos três mangues de pedra que existem no mundo. Os outros dois estão localizados em Recife e no Japão. O raro ecossistema, ameaçado pela constante remoção das pedras e pelo lixo, tornou-se possível devido à existência de um lençol freático que chega à praia, apresentando traços com grande potencialidade ecológica de pesquisa e observações.

A grande singularidade do Mangue de Pedra se deve a dois traços. Primeiramente, a água de chuva que se infiltra no solo da microbacia e percola pelo morro graças a força da gravidade e aflora na areia da praia. Assim, o morro com sua cobertura vegetal funciona como um reservatório de água doce que, ao ser liberada no sopé, mistura-se com a água salgada do mar e produz água salobra, condicionante para existência daquele ecossistema. O segundo traço consiste na ausência do mangue vermelho (Rhizophora mangle) neste manguezal e a explicação mais plausível para não se encontrar este tipo de mangue é justamente o tamanho de suas sementes. Como a praia é recoberta por pedras, a semente desta espécie é transportada pelas marés, não encontra frincha larga entre os recifes para se fixar e é arrastada novamente pelas marés. Assim, só os propágalos de mangue branco (Laguncularia racemosa) e de mangue preto (Avicennia schaueriana) se desenvolvem no substrato da praia, pois são pequenos.

Apesar de sua raridade, este manguezal está ameaçado pela expansão urbana desordenada. Já existe o interesse de particulares na construção de um condomínio, o que impermeabilizaria o solo. Como qualquer construção, esta intervenção humana afetaria o fornecimento de água doce para a vegetação, alterando, definitivamente, o ecossistema local. Diante dessa pressão, a Prefeitura de Búzios pretende preservar o manguezal, a área à sua retaguarda e a zona marinha, à sua frente, por uma Unidade de Conservação de Proteção Integral a ser ainda definida.

Segundo especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Mangue de Pedra, as Paleofalésias da Rasa, a Falha Tectônica do Pai Vitório e da Ilha Feia compõem um geossítio de grande importância científica no Brasil, sendo este geossítio classificado como um dos sítios mais importantes do 'Geoparque Costões e Lagunas do Rio de Janeiro'.

Foto: Divulgação

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